Saúde da Mulher Grávida

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Orientação às gestantes sobre os casos de microcefalia

Gestantes devem ter cuidado redobrado na prevenção de infecções transmitidas por insetos como Dengue e Zika. Para isso é importante o uso de um repelente de insetos adequado.



O Ministério da Saúde confirma relação entre vírus Zika e microcefalia.

Orientação às gestantes:



O achado reforça o chamado para uma mobilização nacional para conter o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, responsável pela disseminação doença.
O Ministério da Saúde confirmou neste sábado, dia 30 de novembro de 2015, a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região Nordeste. O Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA), encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê, nascida no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos, foi identificada a presença do vírus Zika.

A partir desse achado do bebê que veio à óbito, o Ministério da Saúde considera confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial. As investigações sobre o tema devem continuar para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.

O achado reforça o chamado do Ministério da Saúde para uma mobilização nacional para conter o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, responsável pela disseminação da dengue, zika e chikungunya. O êxito dessa medida exige uma ação nacional, que envolve a União, os estados, os municípios e a toda a sociedade brasileira. O momento agora é de unir esforços para intensificar ainda mais as ações e mobilização.



A campanha lançada nesta semana alerta que o mosquito da dengue mata e, portanto, não pode nascer. A ideia é que todos os dias sejam utilizados para uma limpeza e verificação de focos que possam ser criadouros do mosquito. O resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) indica 199 municípios brasileiros em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika, sendo necessária uma mobilização, de todos, imediata.

A orientação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) é que cada gestante procure o seu obstetra, que deverá indicar um repelente de acordo com a peculiaridade de cada paciente, que pode ter alergia a determinada substância. Mesma recomendação da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)- RCD 19, de abril de 2013, que dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos, e que diz: "para uso durante a gravidez e amamentação, consulte um médico." Nesta segunda-feira, em uma coletiva de imprensa, o Ministério da Saúde informou que, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as marcas comerciais disponíveis no Brasil podem ser utilizadas com segurança pelas gestantes.

A Icaridina na concentração de 20 a 25% (Exposis) é o repelente de maior duração na pele, conferindo aproximadamente 10 horas de proteção contra os insetos.

O DEET é o repelente mais comum e mais fácil de ser encontrado nas farmácias e supermercados (OFF, Autan, Repelex, entre outros). É um repelente muito eficiente, mas sua duração depende da concentração de DEET no produto. Infelizmente no Brasil a ANVISA só autoriza a venda de repelentes com concentração de DEET de até 15%, o que confere proteção máxima por 6 horas (produtos com concentrações de 25-50% estão disponíveis em outros países e são mais eficazes). Gestantes devem escolher os repelentes com DEET na versão para adultos (15%) com 6 horas de duração e não a versão infantil, que tem apenas 6 a 9% do ativo e duração mais curta (2 horas).

O IR3535, conhecido como Loção Antimosquito Johnson’s, é indicado para crianças de 6 meses a 2 anos. Tem duração muito curta, necessitando de reaplicações a cada 2 horas, o que pode deixar a gestante desprotegida em períodos de longa exposição.

Os repelentes naturais como citronela e andiroba tem rápida evaporação e portanto um tempo de proteção muito curto, de 10 a 20 minutos. Assim, não são considerados repelentes seguros para gestantes.

Concluímos então que a Icaridina seria a primeira escolha para a gestante pelo longo tempo de duração da proteção, sendo necessária apenas uma aplicação ao dia. O DEET e IR3535 também podem ser usados, mas por apresentarem menor duração da proteção, precisam ser reaplicados ao longo do dia.

Vale lembrar que o mosquito da Dengue/Zika tem hábitos diurnos, então o uso do repelente deve priorizar este período.

Nessa tentativa de se cercar de proteção no que diz respeito a ação dos repelentes mais fortes, muitas pessoas estão optando por repelentes naturais à base de andiroba, citronela, cravo e até pela ingestão de vitamina B em gotas, que faria com que o próprio corpo exalasse um odor que afugentaria os mosquitos. "Os naturais têm um tempo de ação muito curto e precisam de muitas reaplicações. Por isso, o mais é seguro é optar pelo repelente que não tem absorção. Quanto à ingestão da vitamina B, não há evidências suficientes que garantam a eficácia", adverte a obstetra Dra. Leila Katz, do Imip - Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira. Para se ter uma ideia, os repelentes naturais como citronela e andiroba têm rápida evaporação e um tempo de proteção de cerca de 20 minutos e por isso não são considerados repelentes seguros para gestantes.

Recentemente vivemos uma epidemia de infecções virais potencialmente graves para as gestantes como Dengue e Zika, ambas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

Para prevenir a doença, além das medidas de controle dos focos criadores (água parada), a gestante deve se proteger contra a picada do inseto com o uso de roupas compridas, telas nas janelas e repelentes químicos.

É um grave erro achar que a mulher grávida deve usar produtos para bebês pensando: “se não faz mal para o bebê, não deve fazer mal para a gestante”. Considerando a necessidade de se proteger contra uma doença potencialmente grave, a proteção tem que ser o mais eficiente possível. Assim, os repelentes recomendados para as gestantes são os mesmos recomendados para os adultos.

Em relação aos repelentes, os mais comuns são à base de DEET (verifique no rótulo). Esta substância é uma das mais antigas e estudadas, e não é contra-indicada na gestação. Mas o número máximo de aplicações por dia deve ser respeitado, conforme orientação do rótulo. Há várias outras substâncias que podem funcionar como repelentes, e que são consideradas segura na gestação. A ANVISA (agência que regula o registro e comercialização de medicamentos e produtos no Brasil) exige que os produtos registrem no rótulo os cuidados e contra-indicações (alguns repelentes não podem ser usados em crianças menores de 2 anos, por exemplo). Portanto, desde que o produto tenha registro na ANVISA (reforçando, verifique o rótulo) e não contenha no rótulo nenhuma advertência, pode ser usado na gestação, afirma a Dra. Ana Cristina Vidor.

A Dra. Cristiane Benvenuto dissse que pacientes que até final do primeiro trimestre (12 semanas) usem apenas produtos liberados pelo seu dermatologista ou obstetra. Essa é a fase em que o bebê está mais sensível aos produtos usados pela mãe e também a fase mais delicada da gestação. Na dúvida, leve o produto na sua consulta de pre-natal ou ligue para seu obstetra, se for possível.  Prefira ficar em áreas protegidas dos mosquitos, mas se for necessário se expor use produtos com concentrações mais baixas de DEET. Além disso, o mais apropriado é usar roupas longas para proteger o corpo (se não estiver quente demais, claro) e aplicar o repelente nas roupas.

A médica dermatologista Dra. Thaís Ferraz explica como aplicar o repelente:

O efeito dos repelentes se dá pelo “efeito de nuvem”, ou seja, após a aplicação o repelente evapora e forma uma “nuvem” de aproximadamente 4 cm em volta da pele que repele o inseto. Assim, não é recomendado usar o repelente por baixo das roupas, mas por cima dos tecidos e apenas na pele exposta (braços, colo, pernas, pés).

Pelo mesmo motivo, o repelente é o último produto a ser aplicado na pele. Primeiro usa-se hidratantes, filtros solares, maquiagem, e o repelente sempre por cima de tudo.

Evite aplicar perto de olhos, nariz e boca. Todos os repelentes podem irritar as mucosas.

Respeitar o intervalo para reaplicar o produto:

  • Icaridina: 10 horas na pele e a cada 72 horas nos tecidos
  • DEET adultos (15%): 6 horas
  • IR3535: 2horas


Sobre os casos de microcefalia na região Nordeste, o Ministério da Saúde orienta às gestantes:
1 - Devem ter a sua gestação acompanhada em consultas pré-natal, realizando todos os exames recomendados pelo seu médico;
2 - Não devem consumir bebidas alcoólicas ou qualquer tipo de drogas;
3 - Não utilizar medicamentos sem a orientação médica;
4 - Evitar contato com pessoas com febre, exantemas (erupções que podem aparecer em um região específica da pele ou por todo o corpo) ou infecções;
5 - Adoção de medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água);
6 - Proteger-se de mosquitos -  manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes indicados para gestantes.

Sábado de faxina – Não dê folga para o mosquito da dengue!



A reprodução do aedes aegypti, também conhecido como o "mosquito da dengue", costuma ser mais intensa durante o verão. O mosquito, que também é o transmissor da chikungunya e do vírus zika, não escolhe o bairro ou casa para se reproduzir. Ele precisa apenas de locais com água parada. Por isso, o cuidado para evitar a sua proliferação deve ser feito por todos. A principal ação para prevenção dessas doenças é evitar o nascimento do mosquito da dengue, já que não existem vacinas ou medicamentos que combatam a contaminação.

Para chamar a atenção sobre a importância da limpeza para eliminação dos focos do aedes aegypty, o Ministério da Saúde lançou a campanha "Sábado da Faxina - Não dê folga para o mosquito da dengue". A ideia é que toda a população dedique um dia da semana para verificar todos os possíveis focos do mosquito, fazendo uma limpeza geral em sua residência e impedindo a reprodução do aedes.

O resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) mostrou que 199 municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika. Mais de 4% das casas visitadas nestas cidades continham larvas do mosquito. O Ministério da Saúde registrou, até 14 de novembro, 1,5 milhão casos prováveis de dengue no país. O aumento é de 176%, comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 555,4 mil no ano passado.

Em 45 dias um único mosquito pode contaminar até 300 pessoas. É bom lembrar que o ovo do aedes aegypti pode sobreviver até 450 dias, mesmo se o local onde foi depositado estiver seco. Se a área receber água novamente, o ovo ficará ativo e poderá atingir a fase adulta em poucos dias. Por isso, após eliminar a água parada, é importante lavar os recipientes com água e sabão.

O governo federal também está fazendo sua parte, com a capacitação de pessoal de estados e municípios para identificar locais de proliferação do mosquito e distribuição de larvicidas, inseticidas e kits de combate. O Ministério da Saúde repassou, até novembro deste ano, R$ 1,25 bilhão aos governos estaduais e municipais para o combate ao mosquito.

Confira o check list e aproveite o sábado para deixar sua casa livre da dengue!




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: