“Neste livro, originado de sua tese de
doutoramento, Luciana Carvalho busca oferecer à sociedade meios para se
transformar, e, às mulheres, um instrumento para seu empoderamento. A partir
desses relatos de parto, desconstruindo e reconstruindo os significantes e os
significados, numa linguagem fluida e acessível, estrutura um texto para que
suas leitoras possam se apropriar dessa linguagem, decodificar-se,
fortalecer-se e empoderar-se. Nos indica que o processo de recuperação do
parto, em nossa cultura, passará também pela linguagem.
A autora assinala o papel do discurso na
instauração, manutenção e superação dos problemas sociais e, por meio da
Análise Crítica do Discurso, revela relações de poder construídas por meio da
linguagem. Na linguagem é possível identificar marcas ideológicas que
desestabilizam ou reforçam o poder – o discurso hegemônico. Numa relação entre
o profissional médico e a gestante, e depois parturiente, há dominância social
e política. No hospital, há o controle do corpo. As desigualdades são
reforçadas e reproduzidas por meio do discurso e das práticas. E o poder
hegemônico é legitimado pela mídia e pelo convívio social – a naturalização
coroa a ideologia dominante.
Com esse riquíssimo material, e com suas
reflexões sempre bem fundamentadas e oportunas, Luciana nos tira da zona de
conforto e aciona nossa indignação: é preciso mudar, e a mudança passa pela linguagem.”
Trecho da Apresentação escrita por Daphne
Rattner Médica epidemiologista, professora da Universidade de Brasília e
presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – ReHuNa
“Eu não quero [outra] cesárea, livro que
Luciana Carvalho Fonseca oferece às suas leitoras e aos leitores evoca muita
inspiração – e expiração e transpiração. Firme, informativo, questionador,
provocativo… e extremamente delicado, mergulha no universo dos partos
pós-cesárea quebrando tabus, desfazendo
lugares-comuns, desafiando ideias prontas de forte respaldo institucional no
Brasil, ao modo de um manifesto muito bem fundamentado e informado pela
liberdade das mulheres sobre sua experiência de dar à luz.
A autora analisa as representações do
nascimento, domínio em que, no parto natural, surpreendentemente encontram-se
mulheres pobres, supermodelos e ‘esquisitas’, mas do qual se distanciam
brasileiras de classes média a alta, ‘optantes’ de cesáreas com horário
marcado, sem dor nem suor, em ambientes tão monitorados que passíveis de
abrigar festas celebrando o sucesso de mamãe/mommy e baby. Percorre o contexto
brasileiro, com frequência inquietantemente paradoxal, sobre o nascimento.
Analisa, com apoio da Linguística de Corpus, relatos de parto normal após
cesárea de mulheres brasileiras, estadunidenses, britânicas e australianas.
Denuncia o interdiscurso médico/social, a ideologia subjacente ao
estonteantemente alto número de cesáreas praticadas no Brasil e o apoio à beira
do subliminar da mídia que propaga como “sucesso” os nascimentos assépticos
medicalizados – e desumanizados -, como ápice do progresso humano e médico.
Leitura rica de um texto profundo e
perspicaz, quem a ela se dedicar refletirá sobre si mesma/o, o nascimento e os
construtos culturais que assumem no mundo, por nossa desatenção, lugar de
verdade.”
Trecho da Orelha escrita por Elizabeth
Harkot-de-La-Taille, professora livre-docente da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DLM/FFLCH/USP).
Texto retirado do site: http://www.partocomprazer.com.br/product/eu-nao-quero-outra-cesarea/