terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dica de Leitura: EU NÃO QUERO [OUTRA] CESÁREA


“Neste livro, originado de sua tese de doutoramento, Luciana Carvalho busca oferecer à sociedade meios para se transformar, e, às mulheres, um instrumento para seu empoderamento. A partir desses relatos de parto, desconstruindo e reconstruindo os significantes e os significados, numa linguagem fluida e acessível, estrutura um texto para que suas leitoras possam se apropriar dessa linguagem, decodificar-se, fortalecer-se e empoderar-se. Nos indica que o processo de recuperação do parto, em nossa cultura, passará também pela linguagem.
A autora assinala o papel do discurso na instauração, manutenção e superação dos problemas sociais e, por meio da Análise Crítica do Discurso, revela relações de poder construídas por meio da linguagem. Na linguagem é possível identificar marcas ideológicas que desestabilizam ou reforçam o poder – o discurso hegemônico. Numa relação entre o profissional médico e a gestante, e depois parturiente, há dominância social e política. No hospital, há o controle do corpo. As desigualdades são reforçadas e reproduzidas por meio do discurso e das práticas. E o poder hegemônico é legitimado pela mídia e pelo convívio social – a naturalização coroa a ideologia dominante.
Com esse riquíssimo material, e com suas reflexões sempre bem fundamentadas e oportunas, Luciana nos tira da zona de conforto e aciona nossa indignação: é preciso mudar, e a mudança passa pela linguagem.”
Trecho da Apresentação escrita por Daphne Rattner Médica epidemiologista, professora da Universidade de Brasília e presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – ReHuNa
“Eu não quero [outra] cesárea, livro que Luciana Carvalho Fonseca oferece às suas leitoras e aos leitores evoca muita inspiração – e expiração e transpiração. Firme, informativo, questionador, provocativo… e extremamente delicado, mergulha no universo dos partos pós-cesárea  quebrando tabus, desfazendo lugares-comuns, desafiando ideias prontas de forte respaldo institucional no Brasil, ao modo de um manifesto muito bem fundamentado e informado pela liberdade das mulheres sobre sua experiência de dar à luz.
A autora analisa as representações do nascimento, domínio em que, no parto natural, surpreendentemente encontram-se mulheres pobres, supermodelos e ‘esquisitas’, mas do qual se distanciam brasileiras de classes média a alta, ‘optantes’ de cesáreas com horário marcado, sem dor nem suor, em ambientes tão monitorados que passíveis de abrigar festas celebrando o sucesso de mamãe/mommy e baby. Percorre o contexto brasileiro, com frequência inquietantemente paradoxal, sobre o nascimento. Analisa, com apoio da Linguística de Corpus, relatos de parto normal após cesárea de mulheres brasileiras, estadunidenses, britânicas e australianas. Denuncia o interdiscurso médico/social, a ideologia subjacente ao estonteantemente alto número de cesáreas praticadas no Brasil e o apoio à beira do subliminar da mídia que propaga como “sucesso” os nascimentos assépticos medicalizados – e desumanizados -, como ápice do progresso humano e médico.
Leitura rica de um texto profundo e perspicaz, quem a ela se dedicar refletirá sobre si mesma/o, o nascimento e os construtos culturais que assumem no mundo, por nossa desatenção, lugar de verdade.”
Trecho da Orelha escrita por Elizabeth Harkot-de-La-Taille, professora livre-docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DLM/FFLCH/USP).

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